À conversa com Maria Castel-Branco

Começou o seu percurso profissional no mundo da multimédia e do design gráfico. Como hobby decorou bolos que se revelavam esculturas e adivinhavam já a necessidade de uma expressão plástica e criativa. Decidiu pôr as mãos na massa e aprofundar os conheci- mentos na arte da cerâmica. Esteve dois anos em formação no Atelier Caulino, onde começou a desafiar as potencialidades da arte de fazer cerâmica, sem mais a largar. Com os ceramistas Ricardo Lopes e Vasco Baltazar aprendeu a trabalhar com a roda de oleiro. No seu atelier gosta de fazer objectos que se perpetuem, independentemente de tendências ou épocas. Não gosta de fazer as coisas certinhas nem iguais. Gosta das imper- feições que o trabalho à mão não deixa disfarçar. Inspi- ra-se no dia a dia, na rua e no que a rodeia.

@Pedro Sadio para Curated Cultural Experiences

PM -O que te inspira além do seu trabalho? Quais são seus hobbies ou interesses fora do campo criativo?
MCB – O que mais me inspira é a Natureza e o dia-a-dia. Passear/viajar enche-me os olhos e a alma. Hobbie preferido: Estar com quem gosto, dizer estupidezes e rir às gargalhadas. Depois vem o ginásio que não dispenso, não só porque me alivia a cabeça mas para manter a minha coluna no sitio certo. Ler…faz-me perder no tempo. E praia, praia, praia…como verdadeira peixes que sou é perto do mar que me sinto melhor.

PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou ambiente que te inspire?
MCB – Perto do mar ou no meio das árvores e flores.

PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e criatividade?

MCB – Não preciso de muitas rotinas porque o meu pico de energia é de manhã…mas sim…às 7 da manhã estou a entrar no ginásio.

PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um pouco sobre ela?
MCB – Sim, a coelha Mafaldinha. Quando estava a ter aulas de cerâmica no Caulino, foi nos proposto participarmos numa exposição. A cenografia da exposição é elaborada á volta da ideia de conversa. A cadeira de madeira é utilizada como elemento de ligação entre todas as intervenções. A cadeira representa algo diferente para todos os artistas representados nesta instalação. Eu fiz a minha família sendo eu a cadeira como elemento principal e ligação entre todos. Para a minha filha mais pequena, na altura tinha um ano, fiz uma replica, em grande, do boneco de peluche que a acompanhava sempre, a Mafaldinha. Quando ela chegou à exposição e viu a Mafaldinha, em grande, e sentada no chão, queria agarrar-se a ela e trazê-la para casa. Não foi fácil convencê-la que aquela Mafaldinha não era para brincar. Ainda hoje a tenho lá em casa…é uma peça que nunca vou vender. 


PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do mundo, quem seria e por quê?
MCB – Com o José de Guimarães…sou fã nº1 do seu trabalho. conhecendo-o bem acho fascinante o que sai daquela cabeça. Gosto e identifico-me com a sua obra. Sou suspeita mas era um orgulho gigante fazer uma peça, ou várias, com ele. Se for um artista na minha área, gostava de trabalhar com Antonio Vasconcelos Lapa. Tem um trabalho incrível que sigo há muitos anos. 

PM – Uma música?
MCB – My Way, Frank Sinatra


PM – Um livro?
MCB – Um livro recente…”Lá onde o vento chora” um livro apaixonante. Talvez não seja o melhor livro intelectualmente falando…mas é uma história de superação incrível, com descrições do tempo e do espaço fabulosas que me fazem sonhar e imaginar na perfeição tudo o que aquela miúda viu e viveu.  


PM – Um filme?
MCB – A Vida é Bela. 

PM – Uma côr?
MCB – Cor de laranja mas se for para vestir…preto.

PM – Um lugar?
MCB – A minha casa.

PM – Uma pessoa
MCB – Não consigo escolher uma…os meus 3 filhos.

PM – Uma peça tua?
MCB – A taça “Mil-folhas”, comemorativa dos 23 anos da Revista Caras Decoração.

Caras Decoração Aniversário


PM – Uma peça de um colega?
MCB – Rosa de S. Tomé da Iva Viana


PM -Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo criativo? onde e porquê?
MCB – A viagem que fiz a Bali, em 2019. Toda aquela natureza. Floresta com uma concentração, de verdes e flores diferentes, por metro quadrado, maravilhosa. Que me preencheu e encheu a alma. Esta viagem deu origem à exposição “Clorofila”.

PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?
MCB – Parar um pouco, respirar fundo e trabalhar, trabalhar e trabalhar. Nunca fiquei em casa mesmo que a vontade ou imaginação fosse zero!

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