Mariana Filipe nasceu em Évora e, influenciada pela sua infância no Alentejo, descobriu o fascínio pelas tradições da cerâmica local. Estudou Artes Visuais, Design Industrial e de Produto nas Caldas da Rainha e ingressa depois na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa. Mergulhada ainda no espírito universitário, a artesã inicia a sua atividade em ateliês que partilha com outros artistas, tendo criado, em 2015 a Malga Ceramics Design- com internacionalização já afirmada em países como a Alemanha, Estados Unidos e Taiwain. Mariana Filipe regressou ao seu primeiro espaço de trabalho, o Pátio Alfacinha, em Lisboa, onde tem o seu próprio atelier a solo.
Para Portugal Manual, Curated Cultural Experiences
PM – O que te inspira além do teu trabalho? Quais são teus hobbies ou interesses fora do campo criativo?
Mariana – Domingo especificamente é dia de jardinagem (na pequena casa em Lisboa tenho quase 40 plantas). É algo que me traz muita calma e acho que é a única coisa que me faz desligar da rotina. Tenho também sempre mini projectos para fazer em casa, um bocadinho de design de interiores. Gosto de estar sempre a mudar as coisas do sítio.
PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou ambiente que te inspire?
Mariana – Gosto muito de ir para a natureza, não o faço tanto quanto gostaria. Visitar um sítio que não conhecia também é algo que me inspira muito.
PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e criatividade?
Mariana – Fazer tarefas básicas em casa, ou no atelier, é algo que me ajuda a começar o dia. Nunca faço nada demasiado sério ao início do dia. Um bocadinho de arrumação/limpezas e um café, ligo o rádio e lá vou eu. x)
PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um pouco sobre ela?
Mariana – Uma das primeiras peças que fiz para um chef de cozinha ganhou vida através dos erros cometidos quando a estava a criar. Eu ainda estava (e continuo) a aprender a trabalhar em cerâmica e ao fazer um molde (o meu primeiro molde na verdade) este ficou cheio de irregularidades. Essas irregularidades ganharam destaque quando apliquei um óxido no exterior e a peça ganhou toda uma personalidade que eu não estava à espera.
Eu sempre gostei muito de trabalhar num “improviso educado” e dar espaço para o erro acontecer.
PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do mundo, quem seria e por quê?
Mariana – Noutra vida, Picasso. Sempre o admirei pela criança interior que mostrava e pela maneira como abordava alguns projectos em cerâmica que fez – pura improvisação.
PM – Uma música?
Mariana – Uma dos King Gizzard and the Lizard Wizard
PM – Um livro?
Mariana – The Creative Act – A Way of Being do Rick Rubin .
PM – Um filme?
Mariana – Black Cat White Cat – Emir Kusturica e o maravilhoso Arrival.
PM – Uma côr?
Mariana – Cinza Cimento.
PM – Um lugar
Mariana – Uma cabana na serra.
PM – Uma pessoa
Mariana – O meu companheiro de longa (muito longa) data que não me deixa dispersar de ser quem sou.
PM – Uma peça tua
Mariana – O kensan da coleção Home.
PM – Uma peça de um colega
Mariana – AfterLife da Vanessa Barragão <3 tudo dela na verdade…
PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo criativo? onde e porquê?
Mariana – A residência artística em Viana do Alentejo em que participei em 2022, a convite da Vicara. Foi uma semana que pareceu um mês e trouxe muita energia boa. Novas perspectivas, novos e velhos amigos e inspiração para continuar o meu trabalho.
PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?
Mariana – Fazer uma pausa e voltar amanhã. Experimentar outras artes ou mudar o ambiente de trabalho.
Conheçam mais sobre a Malga aqui:
E aqui 🙂