Na nossa rubrica “À Conversa com Rita Pereira”, destacamos o percurso da Rita Pereria, a designer e escultora que dá vida à marca RoMP – Rita os Meus Pés. Rita desenvolveu uma paixão pelo trabalho em pedra, material que tem explorado em diversas colaborações, como com o Studio Astolfi para a Hermès Lisboa. Com esculturas públicas como “Árvore Monumental” em Monchique e “Descida” na Praia da Luz, Rita Pereira continua a expandir seu impacto artístico a partir do seu atelier na residência artística do LAC, em Lagos.
PM – O que te inspira além do seu trabalho? Quais são seus hobbies ou interesses fora do
campo criativo?
Rita -Quando não estou a trabalhar, gosto de estar em contacto com a natureza. Adoro passar
tempo na praia e praticar desportos ao ar livre, tais como o surf, fazer caminhadas e andar de
bicicleta. Recentemente, comecei a dançar forró, e mais do que um hobby, posso dizer que se
tornou o meu novo vício. E claro estar com os meus amigos e família que me inspiram muito.
PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou
ambiente que te inspire?
Rita – A praia é, sem dúvida, o meu lugar favorito. Não consigo viver longe do mar e a tranquilidade
que ele me traz é incomparável.
PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e
criatividade?
Rita – Gosto de começar o dia com uma prática de yoga ou meditação. Cada vez mais, sinto a
necessidade de me conectar comigo mesma antes de sair de casa.
PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos
um pouco sobre ela?
Rita – A minha arte é autobiográfica, por isso todos os elementos que utilizo e os temas das minhas
peças revelam muito do que estou a viver no momento. No último ano, tenho-me debruçado
sobre o tema do autoconhecimento e a minha exposição individual, intitulada ‘Silêncio’,
aborda precisamente isso: a busca da quietude física e mental.
PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do
mundo, quem seria e porquê?
Rita – Já que estamos a falar de imaginação, escolheria colaborar com uma artista que já nos deixou,
mas que é uma referência incontornável no meu trabalho a Barbara Hepworth.
PM – Uma música?
Rita – Terei de escolher um forrozinho, já que tem sido a música mais ouvida nos últimos meses: ‘Te
Faço um Cafuné’, do Mestrinho com Hamilton de Holanda.
PM – Um livro?
Rita – Um dos últimos livros que li, “Shantaram” de Gregory David Roberts, continua a ressoar n
minha mente, com imagens vívidas das personagens e dos seus enredos em Mumbai.
PM – Um filme?
Rita – Apenas um? Nesse caso, terei de escolher dois: ” Spirited Away “, de Hayao Miyazaki, que me
deixou maravilhada e fascinada desde a primeira vez que o vi, sensações que jamais esquecerei; e ” Captain Fantastic “, de Matt Ross, um filme que vejo pelo menos uma vez por ano e que aquece o meu coração.
PM – Uma cor?
Rita – Azul, azul, azul e mais azul
PM – Um lugar?
Rita – Poderia mencionar um destino distante e exótico que visitei nas minhas viagens, mas os
lugares ganham vida através das pessoas e para mim, não há nada que se compare à casa dos
meus pais. Eles são o meu pilar e com quem posso contar sempre que preciso.
PM – Uma pessoa
Rita – TODAS!! Somos todos importantes nesta equação que é a vida.
PM – Uma peça tua?
Rita – A criação de ‘A Part of One All’, que realizei em Saint-Baet, França, foi um verdadeiro desafio,
principalmente por ser uma obra de grande escala concluída em apenas 8 dias. Sinto-me
profundamente orgulhosa com o resultado, mas o que me enche de maior satisfação é poder
levar a celebração dos 50 anos do 25 de Abril para fora de Portugal. Num tempo em que a
instabilidade política se faz sentir em tantas partes do mundo, acredito que relembrar o
passado ditador e a sua libertação, é agora mais crucial do que nunca.
PM – Uma peça de um colega?
Rita – A peça “Primordial Refuge” do super talentoso Aaron Glasson, que tive o prazer de conhecer
num dos meus workshops de pedra.
PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo
criativo? onde e porquê?
Rita – Sim, a minha última viagem fora da Europa à Índia. Ao chegar lá, senti uma estranha
familiaridade, como se estivesse a regressar a casa. Esta experiência marcou-me
profundamente e reflete-se nos meus trabalhos mais recentes.
PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?
Rita – Tenho várias estratégias para lidar com o bloqueio criativo. Por vezes, a melhor solução é
afastar-me do atelier, desligar-me completamente do trabalho e dedicar-me a atividades que
não tenham qualquer ligação com a arte. Outras vezes, prefiro mergulhar numa pesquisa
aprofundada sobre os artistas que me inspiram, deixando que as ideias fluam e se traduzam
em novos esboços e desenhos.