À conversa com Sofia Esquivel

Conversamos com Sofia Esquivel, joalheira e arquiteta, cuja marca nasceu da sua visão de criar peças de joalharia icónicas, produzidas de forma sustentável e adequadas tanto para mulheres quanto para homens. Todas as suas criações são concebidas e produzidas no seu estúdio, localizado em Lisboa.

Influenciada pela sua formação em arquitetura, Sofia traz uma abordagem única para a joalharia. A sua arte é uma fusão de técnicas manuais tradicionais com elementos de design contemporâneo e processos inovadores. O resultado são peças de joalharia que transcendem as fronteiras entre a arte da arquitetura e a elegância da joalharia.

esquivel.- portugal manual
esquivel.- portugal manual

PM – O que te inspira além do seu trabalho? Quais são seus hobbies ou interesses fora do
campo criativo?
Sofia – Ler sem dúvida é uma fonte de inspiração para mim, gosto muito de livros e principalmente
revistas de design/arquitetura. Gosto de livros sobre biografias, distopias, “psychological
thrillers” e revistas com histórias de projectos de pessoas inspiradoras. Ler ao sol e, de
preferência, a “picar” qualquer coisa é o ideal.

PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou
ambiente que te inspire?
Sofia – Adoro estar em casa, num jardim ou na praia para relaxar. Mas a inspiração para mim não vem
necessariamente de estar relaxada. Sou 100% citadina, e para além de trabalhar bem sob
stress, passear na cidade por si só é inspirador, tal como ir ver uma boa exposição ou ir a um
concerto, teatro,ópera. No entanto, eu como designer, e provavelmente pela minha experiência
profissional em Londres, acredito muito que um designer consegue criar sem a tal “inspiração
divina” que às vezes se fala. Acredito que um bom design vem de muito conhecimento e
cultura, sensibilidade e trabalho e não necessariamente de um momento “iluminado”.

PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e
criatividade?
Sofia _ Tenho um péssimo acordar, preciso mesmo do meu tempo de meditação e yoga de manhã, a
ouvir a minha música. Faço-o em casa, ajuda-me a estar focada (como trabalho sozinha
preciso de muita disciplina para não dispersar).

PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um
pouco sobre ela?
Sofia – Penso que as mais especiais são também aquelas mais desafiantes para mim. Gosto de um
bom desafio de desenhar peças por encomenda de raiz. O alfinete de gravata que desenhei
para um casamento foi bastante especial por várias razões: Primeiro porque adorei o desafio
de desenhar uma peça contemporânea inspirada num edifício clássico (o Panteão de Roma) e
segundo por toda a parte de soldar toda aquela geometria direita (90graus e distâncias
equidistantes) foi um super desafio para mim, é uma peça muito delicada.



PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do
mundo, quem seria e por quê?
Sofia – Fico indecisa entre o James Turrell e o Antony Gormley. Ambos trabalham e interessam-se por
temas que eu me interesso também. Tenho background de Arquitectura e Set Design, e adoro
a parte espacial, sensorial e performativa das peças de ambos.

Antony Gormley @britannica
James Turrel @New Your Times


PM – Uma música?
Sofia – Depende do estado de espírito. Mas fica esta porque me deixa muito bem disposta
Magic – Polo & Pan

PM – Um livro?
Sofia – Qualquer um do JG Ballard! Adoro as distopias dele.

PM – Um filme?
Sofia – Vou escolher 2 e 1 série, pode ser?
Filme 1: Stalker de Tarkovsky
Filme 2: The Handmaiden (2016) de Park Chan-wook
Serie: Severance de Dan Erickson

PM – Uma côr?
Sofia – Amarelo

PM – Um lugar
Sofia – Naoshima – A Ilha Museu no Japão

PM – Uma pessoa
Sofia – Não consigo pensar em apenas 1 pessoa. Acredito que somos muitas pessoas ao longo da
vida, tal como as pessoas que me rodeiam, e cada uma das pessoas que eu considero mais
importantes na minha vida, me preenchem de forma diferente e única.

PM – Uma peça tua
Sofia – Alfinete da Casa das Histórias



PM – Uma peça de um colega
Sofia – Opera Akhnaten de Philip Glass

PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo
criativo? onde e porquê?
Sofia – Definitivamente Londres no geral, os anos que vivi, estudei e trabalhei em Londres como
designer moldou-me e ensinou-me muito. A cidade respira cultura, arte, design. Há exposições,
concertos, operas etc incríveis e existe muito incentivo à criação e profissão de um criativo.
Londres é provavelmente das únicas cidades onde um trabalho criativo é visto, e pago, como
um trabalho como outro qualquer. Há carreira, há progressão e oportunidades. E a
aprendizagem de trabalhar, estudar e construir amizades com pessoas de culturas muito
diferentes das nossas, no meio muito internacional, é muito enriquecedor a todos os níveis.

PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?
Sofia – Pesquisa, leitura, ver coisas no geral. Falar com pessoas sobre o tema também é um bom
desbloqueador. E às vezes, deixar mesmo de olhar para o que estou a fazer durante uns
tempos, fazer outras tarefas mais técnicas que requerem menos decisões criativas para depois
voltar com outros olhos mais tarde.

Conheçam mais do Esquivel aqui e neste video.