À conversa com Susana Cereja

Na nossa rubrica “À conversa com”, desta vez falámos com a Susana Cereja, uma artista multidisciplinar que nos convida a descobrir as suas preferências e inspirações. Desde os destinos que a marcam, ao seu processo criativo, passando pela música que a acompanha e as influências que moldam o seu trabalho, Susana partilha connosco uma perspetiva íntima do seu mundo artístico.

PM – O que te inspira além do seu trabalho? Quais são seus hobbies ou interesses fora do campo criativo?

Susana – Inspira-me viver experiências e experimentar algo novo no geral. Viajar inspira-me sempre muito, mas o engraçado é que cada vez gosto mais de viajar em trabalho, mais do que viajar só por lazer. As últimas vezes viajei em trabalho não foram apenas viagens de uns dias ou uma semana. Ultimamente tenho passado sempre pelo menos 1 mês em cada localização, e quando se passa 1 mês a viver num novo lugar, tornamo-nos rapidamente locais. É isso que me inspira muito e onde para mim reside a magia! 

Outras coisas que me inspiram, hmm… Às vezes apenas partilhar um café ou um jantar com os meus pares, amigos artistas. Isso é sempre muito inspirador. Viver já por si é inspirador diria! 

PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou ambiente que te inspire? 

Susana – Na natureza sem dúvida, mas também em casa. Por incrível que possa parecer, dada a minha personalidade, eu também tenho uma natureza muito recatada, que precisa de constantes carregamentos, detox, e o melhor detox para mim é ficar em casa a ler ou a escrever os pensamentos pelos quais sou invadida. 

PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e criatividade? 
Susana – O meu slow coffee é OBRIGATÓRIO, mas também música. E tento meditar sempre que possível. 

PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um pouco sobre ela? 

Susana – A natureza das minhas peças vem da minha história. Sempre senti necessidade de proteger as minhas Mulheres, as Mulheres da minha família, e penso que no meu trabalho isso se expandiu para todas as Mulheres. 

PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do mundo, quem seria e por quê? 

Susana- Pergunta difícil. Há tantos tão incríveis. 

PM – Uma música?

Susana – Uiii tantas… mas como acho que o mundo cada vez mais precisa de mais amor, digo What The World Needs Now (Is Love), da Dionne Warwick

PM – Um livro?
Susana – Mulheres que Correm com os Lobos, Clarissa Pinkola Estés

PM – Um filme?
Susana- Inception, do Christopher Nolan

PM – Uma cor?
Susana – Verde fava nos ambientes, atmosferas; vermelho ou laranja na vida! 

PM – Um lugar
Susana – A minha casa.

PM – Uma pessoa
Susana – Os meus pais. 

PM – Uma peça tua

Susana –Boadicea ou a Helia

PM – Uma peça de um colega

Susana – Existem muitas peças de muitos colegas que adoro, mas neste momento posso destacar uma peça da Ana Rita Albuquerque, com quem já tive o prazer de expor numa exposição colectiva ‘Peninsulares’. 

PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo criativo? onde e porquê?

Susana – Várias, mas principalmente a viagem deste ano à Eslovénia. Fui Artista convidada para a Bienal Têxtil BIEN, em Kranj, na Eslovénia. Foi um projecto desenhado e desenvolvido desde Novembro de 2022 até à sua concretização final, em Junho de 2023, e foi muito intenso. O convite envolveu vários desafios. Desenhei uma peça para o tema da Bienal, o Sol; planeámos uma exposição individual para a Bienal e um workshop para a comunidade; uma residência artística; e a peça desenhada para o tema, a peça HELIA, começou a ser produzida em Março no estúdio (Março a Junho), dei-lhe continuidade numa viagem de 4 dias de comboio Lisboa > Kranj, e por fim terminei-a em residência artística de 3 semanas já em Kranj. 

Pelo facto da viagem de ida para Kranj ter sido feita sozinha, de comboio e ao longo de quatro dias, também a viagem teve muito impacto (positivo) em mim e no meu processo. 

PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?

Susana – Continuar a trabalhar. Desenhar e desenhar, ler… até sair algo. Somos seres criativos, seres pensantes, e vai sempre sair-nos algo. Tento nesses dias respeitar-me e deixar fluir. 

Convidamos a visitar a página da Susana Cereja no nosso projeto Curated Cultural Experiences.