Gezo Marques partilha com José Aparício Gonçalves a necessidade de materializar e contar histórias com as próprias mãos. Juntos formam uma equipa que celebra os ciclos da vida, memórias, cicatrizes e segundas oportunidades. Tudo com um grande sentido de humor. O seu amor partilhado por objetos encontrados nas ruas, na natureza e em feiras de velharias serve como fonte permanente de inspiração, os mesmos objectos e materiais que os menos atentos ou talvez menos criativos não só não notariam, como até lançariam fora. Da perspectiva deles, qualquer coisa pode servir como tela – mesmo que já tenha sido pintada. De fato, é esse ‘não vazio’ que os move, pois se o objeto já tem um histórico, agora ele alcançará um ponto de viragem. Sua história agora fará parte de outra história, completamente nova. “Recolhemos, armazenamos e acumulamos de forma que a nossa oficina seja como uma grande sala de espera, onde peças de madeira, cerâmica, móveis e bonecas antigas aguardam uma por uma nova vida e história.” Trabalhar com “coisas que já foram” permite-lhes exercitar uma nova maneira de ver objetos; são como esqueletos que eventualmente ganharão novos músculos, novos tendões, uma nova pele e uma nova vida.