Portugal Manual entrevista Rede Manual
portugal manual exposição em sao paulo

Há um mês estávamos na CASA MANUAL com a exposição “Terra à Vista – Brasil volta os olhos para a cultura portuguesa feita à mão” onde promovemos, em conjunto com a Rede MANUAL a aproximação dos dois países, Brasil e Portugal, pela teia do artesanato contemporâneo.

Num “bate papo” gostoso com a Dani Scartezini, uma das fundadoras do projecto, ficamos a conhecer mais deste projecto que tanto nos inspira diariamente. 

Portugal Manual – Dani, conta-nos um pouco do teu percurso e de como tudo começou.

Dani – Em 2011, criei um projeto chamado A Florista. Um blog onde escrevia sobre pessoas que amavam seus fazeres. Eram textos, vídeos e fotos que se pautavam na história de pessoas que se dedicavam a atividades criativas. Três anos depois, o projeto amadureceu e se tornou a publicação AmoMeuFazer: um projeto que investigava e contava histórias de pessoas e seus fazeres em formato digital. Eram artistas, criadores, pequenos produtores, artesãos, enfim…Gente de diversas áreas de atuação, histórias narradas por elas mesmas. 

PM – Qual era a tua ideia ao reunir toda essa massa criativa?

Dani – A ideia sempre foi fortalecer essa comunidade que forma a economia criativa brasileira e inspirar aqueles que buscam novas formas de atuação no campo do fazer manual. Retratávamos, eu e a Karine Rossi, que é minha sócia, os processos criativos e a beleza de cada um. Explorando os diversos caminhos trilhados por esses interlocutores.

As histórias reunidas na AMF eram a materialização de um espaço expositivo reinventado e, portanto, um lugar para reflexão sobre a criatividade, a inventividade e a arte. A intenção era de que as histórias encantassem, inspirassem e quem sabe, transformassem outras histórias.

PM – Quando decidiram profissionalizar o projecto?
Dani – Em 2015, abrimos (finalmente!) nossa empresa: a Floristas, é claro 🙂 E apresentamos o projeto AMF (amo meu fazer) ao Museu da Casa Brasileira, um espaço renomado de design em São Paulo. Nosso objetivo era que eles nos apoiassem para incentivar essa rede de artesãos contemporâneos que estávamos formando e para a qual demos o nome de Rede Manual.

PM – Como pretendiam diferenciar-se dos mercados que já começavam a surgir nessa época?

Dani – Através de um Mercado com ares de festival, propusemos ao Museu ser parceiro realizador de um evento que juntasse venda de produtos dos artesãos + conteúdo (as histórias por trás dos fazeres) + comida, música, e diversão.  

A ideia de se unir a um espaço público, além de incentivar a ocupação de espaços públicos urbanos, era de ressignificar a palavra artesanato, um tanto depreciada e também mostrar ao consumidor alternativas de consumo conscientes e sustentáveis. O Museu aceitou e nós, realizamos.

PM – Como vês a Rede MANUAL hoje? Como é que o projecto tem crescido e de que forma está a fazer a diferença na cena artesanal paulista e brasileira?

Dani – Hoje, a MANUAL é uma rede que reúne e empodera pequenos empreendedores criativos, incentiva a economia criativa brasileira e nosso Mercado Manual já é uma referência nacional em mercados desse tipo. Na terceira edição, por exemplo, reunimos um público formador de opinião de 7300 pessoas, que atinge todas as idades, + de 90 expositores, 8 artistas musicais emergentes com projetos autorais, atrações como Erê Lab – outro projeto ligado a criação de espaços para o brincar, bem como pequenos empreendedores da gastronomia local. Isso tudo, em 1 ano. Feito por apenas 3 mulheres.

PM – Sendo um projecto de interesse publico, pela forma como fomenta a cultura de um povo, vocês recebem algum tipo de incentivo financeiro?

Dani – Hoje somos TOTALMENTE independentes. Não temos nenhum apoio financeiro. Nossa empresa opera no “azul”, mas conseguimos nos manter e ter fôlego para  evoluir o negócio como queremos. Nosso impacto social já é notável tanto para a cultura da cidade, como para o pequeno empreendedor e claro, para o consumidor.

PM – Quais são as áreas que o projecto abraça?

Dani – Todo o trabalho da Rede MANUAL se apoia em um tripé. O primeiro é o consumo consciente, com a realização do Mercado Manual, que conecta os artesãos com seu público. O festival nasceu no Museu da Casa Brasileira e hoje também tem uma série de edições na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu da Arte Moderna (MAM). O segundo pilar é a difusão de conhecimento e informação sobre a cultura feita à mão. Tudo é feito por meio de oficinas especiais e gratuitas durante as edições do Mercado Manual, além de rodas de conversa e todo conteúdo especial gerado nos canais da Rede (siteInstagramFacebookYoutube) que funciona como uma plataforma de informação para quem se interessa pelo fazer artesanal, por consumo ético e por comprar localmente de quem faz. Por fim, a terceira base da atuação da Rede MANUAL é oferecer entretenimento gratuito com curadoria especializada a cada edição do Mercado Manual. São shows de empreendedores criativos abertos ao público, além de atrações infantis. Também temos o projeto Erê Lab para as crianças.

PM – Como surgiu a ideia de levarem a Rede Manual para dentro de um shopping?

Dani – Em novembro de 2018, abrimos outro espaço: a Casa Manual. Fruto de uma parceria com o MorumbiShopping. Ela é uma loja-experiência onde criamos um grande espaço de convivência, além de exposição e venda dos produtos da nossa rede de artesãos. Também produzimos oficinas e shows gratuitos. A Casa Manual ainda tem espaço de brincar criado pelo Erê Lab e uma praça gastronômica. Nosso objetivo é levar essa cultura de rua para dentro do shopping.

PM – Quem são as caras por trás da Rede Manual?

DANI SCARTEZINI – Sócia Fundadora, Comunicação e Novos Negócios
KARINE ROSSI – Sócia Fundadora, Cultura, Captação e Produção
PATRICIA TOLEDO – Curadoria, Vendas e Produção

Dani – A nossa equipa é enxuta e multidisciplinar. Somos 3 sócias com várias valências: eu levo a comunicação e a pasta dos novos negócio. A Karin, que foi a outra sócia fundadora do projecto, fica mais com a área cultural, captação e produção e a terceira sócia, Patricia Toledo, que está com toda a curadoria, vendas e produção. Além de nós a 3, temos mais umas caras que gostaríamos de apresentar e que nos ajudam a tornar tudo real: Fasto Maule – gerente executivo; Juliana Vomero – artesã da nossa rede e nossa senior designer; Maju Duarte – gerente de conteúdo; Fabiano Passacantilli – produtor geral; Daniel Wood | Casa Dobra – responsável por todos os videos, fotos e conteúdo e ainda a Luiza Morandini que faz toda a curadoria musical. 

PM – Quando serão as próximas edições do Mercado Manual?

4 e 5 maio no Museu da Casa Brasileira.

11 e 12 setembro/ Fundação Ema Klabin

26 e 27 de outubro/ Pinacoteca

6 e 7 de dezembro / Museu da Casa Brasileira

Deixamos o convite a visitarem o site da Rede Manual e a ler a entrevista que demos a quando da exposição.

Todas as fotos são do Daniel Wood | Casa Dobra