À conversa com Paula Franco

Desta vez trazemos connosco Paula Franco, de coração pertencente a duas culturas que se cruzam e dão origem a referências importantes refletidas na Luz Editions, uma marca que evidencia a herança, conta histórias e abraça as memórias. Vamos conhecer os pontos de partida da Luz Editions pelas palavras da própria Paula, descobrir os elementos importantes que são alavanca para a sua inspiração e caminhar em conjunto ao longo do seu olhar apaixonante, sob as coisas bonitas da vida.

PM – O que te inspira além do teu trabalho? Quais são os teus hobbies ou interesses fora do campo criativo?

Paula – Gente, sempre. Histórias da vida. Adoro estar num café e observar o mundo. E claro, a cultura ocupa muito o meu tempo. Voo para Paris para ver exposições, para concertos… todas as vezes que posso ou que faz sentido. Também continuo fiel a minha paixão pela fotografia e pratico quando tenho a oportunidade.

PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou ambiente que te inspire?

Paula – Nazaré é a minha segunda casa desde a infância. Sou uma apaixonada pelo mar mas cada vez mais aprendo a amar o campo. Hoje em dia seria capaz de trocar Lisboa por uma casa de campo ou que em 2004, quando cheguei parecia uma morte.

PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e criatividade?

Paula – Confesso que ainda estou a trabalhar nisso. Tenho pilates três vezes por semana às 7h da manhã, volto a casa, tomo um duche e bebo sempre um chá (da Companhia Portugueza do Chá, claro!) e tomo sempre um café antes de começar a trabalhar. Enquanto estou a tomar o meu chá, aproveito sempre para ler um pouco.

PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um pouco sobre ela?

Paula – O ponto de partida da Luz Editions foi a descoberta das fotografias do Artur Pastor e de um certo Portugal. A vontade de dar a conhecer o trabalho dele fora das nossas fronteiras levou-me a refletir sobre como poderia interpretar fotografias e transmitir além da imagem. Queria explorar outro médium que o livro ou o papel e por isso, comecei a fazer testes de impressão sobre têxtil. Adorei o resultado, achei que a alma da fotografia ainda estava mais viva com a serigrafia porque conferia um lado “vintage” e no final, a parte mais difícil foi escrever os textos. O que me move com esse projeto é a força que criou em Portugal e em todos os países onde há lusodescendentes. No início, a ideia era tocar o turista com uma peça de qualidade e afinal, são os Portugueses os mais conquistados.

PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do mundo, quem seria e por quê?

Paula – Como designer, gosto muito de Francês vivendo cá em Portugal como o Noé Duchaufour-Lawrence ou o Sam Baron. Não sei se eles teriam interesse mas obviamente que para mim seria o summum. Agora em termos de colaboração mais real, imagino a possibilidade de propor a um Chef como o Nuno Mendes uma coleção exclusiva dos meus panos para os restaurantes dele em Londres e Portugal. Acho que seria fantástico porque teria todo um sentido. Aliás, se ele ler e estiver interessado…

PM – Uma música?

Paula – Leonard Cohen : Famous Blue Raincoat. Adoro letras, poetas. Dou mais importância a música e letras que a interpretação. E Cohen, como o Gainsbourg são para mim dos maiores poetas-cantores.

PM – Um livro?

Paula – Um é mesmo muito difícil! Sobretudo sendo eu criada em França onde o estudo da literatura é muito importante… Les Fleurs du Mal – Baudelaire. Só o título, já é em si magia e beleza.

PM – Um filme?

Paula – Les Enfants du Paradis (1945) – Marcel Carné. No cinema mais atual, adoro tudo do Jacques Audiard.

PM – Uma cor?

Paula – Preto mesmo se não é uma cor.

PM – Um lugar?

Paula – Oaxaca, México.

PM – Uma pessoa?

Paula – O meu pai.

PM – Uma peça tua?

Paula – A vela em barro negro Saudade.

PM – Uma peça de um colega?

Paula – Uma ilustração da Marta Nunes.

PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo criativo? Onde e porquê?

Paula – Ultimamente o Japão. Adoro o nível de exigência deles. Os pormenores…

PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?

Paula – Parar e ir ver uma exposição ou ler uma biografia.

Para conhecer mais do trabalho da Paula Franco convidamos a visitar: