Mais uma semana, mais uma criativa que vos convidamos a conhecer. Nesta entrevista, Marta compartilha as suas inspirações, métodos de trabalho e o que a apaixona.
Acompanhe-nos enquanto desvendamos os segredos artísticos dessa talentosa ilustradora. Além disso, descubram como a arte pode se tornar um refúgio de liberdade em meio ao cotidiano agitado de trabalho.
PM – O que te inspira além do teu trabalho? Quais são os teus hobbies ou interesses fora do campo criativo?
Marta – As coisas que me inspiram são tão variadas e de forma tão intensa que se tornam muito visíveis no meu trabalho. O saber fazer, os ofícios tradicionais, saber como era e de onde se vem, sinto que essencialmente, interessam-me as histórias das pessoas, dos lugares e dos objectos.
PM – Qual é o teu lugar favorito para encontrar inspiração ou relaxar? Alguma paisagem ou ambiente que te inspire?
Marta – Qualquer espaço ao ar livre desde a praia à montanha, o contacto com a natureza é sempre fonte de relaxamento e renovação de energia para um trabalho mais inspirado.
PM – Tens alguma rotina matinal ou ritual que te ajuda a começar o dia com energia e criatividade?
Marta – A minha rotina matinal antes de começar o dia de trabalho passa por ter o espaço organizado, ou seja, gosto de ter mesa de trabalho limpa, materiais organizados, planifico o dia e começo com música ou um podcast.
PM – Existe alguma história especial por trás de uma das tuas criações? Podes contar-nos um pouco sobre ela?
Marta – A série de ilustrações “As mulheres de Artur Pastor” existe porque um dia decidi acompanhar uma amiga, a Marília Ribeiro, numa recolha de histórias de vida, que durou quase um ano, e na sequência de uma pesquisa/investigação para esse trabalho, descobri o livro “As mulheres do meu país” da Maria Lamas, que me absorveu de imediato e no meio das suas fotografias e ilustrações, descobri o nome do Artur Pastor no meio de vários autores e quando tive acesso ao seu arquivo surgiu um fascínio que ainda hoje perdura e ainda está presente no meu trabalho mais recente.
PM – Se tivesses a oportunidade de colaborar com qualquer artista/escritor/designer do mundo, quem seria e por quê?
Marta – Adorava ter colaborado com a Paula Rêgo pelo fascínio que tenho por todo o seu universo criativo, a forma como ela construía histórias dentro de cada uma das suas obras.
PM – Uma música?
Marta – “Construção” – Chico Buarque.
PM – Um livro?
Marta – “As mulheres do meu país” – Maria Lamas.
PM – Um filme?
Marta – “In the mood for love” – Wong Kar-Wai.
PM – Uma cor?
Marta – Preto.
PM – Um lugar?
Marta – A serra da Arrábida.
PM – Uma pessoa?
Marta – A minha avó.
PM – Uma peça tua?
Marta – 25 dias para a Liberdade – 25 postais
PM – Uma peça de um colega?
Marta – Os cadernos Beija-flor.
PM – Alguma experiência ou viagem que teve um impacto significativo no teu processo criativo? Onde e porquê?
Marta – Mais do que viagem ou experiência, acho que o que tem tido mais impacto no meu processo criativo têm sido as pessoas com quem me vou cruzando por este caminho, que já me fez viver em vários sítios diferentes nos últimos 20 anos, foram pessoas que me ajudaram a aprofundar interesses em áreas que já tinha curiosidade, que me falaram das suas vidas, dos seus ofícios, saberes e do seu tempo, do nosso tempo. Todas estas pessoas, todo este fascínio tem me inspirado sobre como olhar para o património, seja ele material ou imaterial e transformar numa narrativa para o futuro.
PM – Quais são os teus métodos para lidar com o bloqueio criativo?
Marta – Quando tenho bloqueio criativo uso várias ferramentas mesmo que isso não signifique resultados imediatos. Mas passa por fazer coisas com ler um dos livros da minha lista interminável, fazer uma longa caminhada, experimentar materiais novos, começar um novo caderno de desenho ou de ideias escritas, às vezes tudo no mesmo dia.
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